quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Bela flor do céu - Parte I de II


“Era noite mais escura que tribo já tivera presenciado em toda história de Terra Sagrada. Trovejava tanto, mas tanto, que pensaram estar sendo castigados por Yjara, a mãe da água”


Toda a tribo que ali se reunia em volta da fogueira estava com os olhos fixos em Potyra - índia considerada mãe da Terra Sagrada que viviam – e na história que a mesma contava.


“Mas tribo estava enganada! Não era castigo de Yjara não.” - Potyra sorriu. - “Era presente de Rudá - Deus do Amor”


“Rudá nos presenteou com que Potyra?” – perguntou o jovem Pyatã, com olhos impenetráveis. Mas Potyra prosseguiu como se não estivesse escutado.


“Todos estavam em suas ocas com medo de mãe Yjara, preocupados demais com Terra Sagrada e ninguém olhou pro céu. Estrela cadente caia em Terra Sagrada, era menina Anahí”


“Sou estrela Potyra? Rudá me trouxe até aqui?” – Anahí perguntou tão assustada quanto os outros. Potyra pediu pra que ela ficasse de pé de modo que todos a visualizassem e foi ao lado dela.


“Menina Anahí é enviada de Rudá, sim. Nossa menina tem pele branca feito neve. Cabelo amarelo feito ouro de nossas terras. Olhos azuis feito as águas. Que brilham feito estrela”


Todos olhavam para ela em forma de respeito.


“Menina Anahí foi encontrada ainda bebê em Terra Sagrada depois de chuva forte. Menina nos trouxe o sol de volta.”


“Rudá a enviou por algum motivo. Qual Potyra? – o jovem novamente perguntava.


“Resposta tá no coração da nossa estrela Pyatã, só coração de menina pode dizer”


“Não sei o que fazer Potyra. Corpo meu é diferente de tribo, mas só me vejo índia”


“Sempre será índia, Bela Flor do Céu. Sempre será estrela que Rudá enviou. E hoje que menina completa dezoito ciclos de vida, está pronta. Vai-te embora, filha. Vai-te em busca de destino seu”


“Destino meu é com tribo Potyra”


“Não sente coração chamar por ti, Bela Flor? Lugar teu não é aqui”


“Nem com os brancos, Potyra”


“Alguém chama todas as noites por teu nome, Bela Flor. Implora aos deuses para encontrar a alma perdida. Chora. Não te preocupes menina, lugar teu também não é com os brancos”


“Onde Potyra? Onde está coração que chora por mim?”


“Liberta de tribo e vai menina. Vai-te encontrar teu mundo! Vai-te virar estrela outra vez!”


Potyra arrancou um dos pingentes que carregava no pescoço e entregou a Anahí. Era um pequeno mineral de cor castanha-avermelhado.


“Que isso Potyra?” – Perguntou a menina quando pegou o objeto nas mãos.


Estaurolita. Lágrimas que amor teu derrubou quando você foi embora. Trouxe contigo quando chegou até nós. É teu e vai ajudar em teu caminho”


Anahí apertou a pedra entre os dedos e fechou os olhos, erguendo a cabeça para cima. Sentiu-se iluminada e nesse momento soube que deveria ir, embora não soubesse para onde. Sentiria saudades da tribo. E a tribo dela, cujo também não queria que ela partisse. Porém quando Potyra falou novamente o nome de Rudá, todos acharam melhor que ela seguisse o destino que o Deus havia preparado para ela.


Os índios a seguiram até a entrada da Aldeia e observaram Anahí silenciosamente montar no cavalo para seguir seu caminho, em busca do coração que ainda chama por ela.

5 comentários:

  1. Amei a estrutura do texto, a imagem muito linda e o propósito do texto. Algo meio fantasioso, mas mesmo assim real..Parabéns.

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  2. Simplesmente bem escrito e suavemente tocante.,..

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  3. o texto tá bem escrito mas a leitura não prende. =)

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