segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Realize

Oito décadas esperando por aquele momento que agora mais parecia um sonho. Seus olhos brilhavam tamanha felicidade contida no peito.
Ao chegar, tirou os chinelos para sentir a areia em seus pés. Era quente, como haviam lhe dito. Sentiu uma enorme vontade de tocá-la, então mesmo com dificuldade se abaixou para pegar um pouco do farelo fino na palma da mão e levou ao nariz, inalando o cheiro fresco que vinha dele. Uma lágrima quase se formou, mas ele a segurou.
Olhou para o horizonte e pôde ver com mais clareza a quantidade de água a alguns metros dele. Deixou que a areia deslizasse pelos dedos e mesmo sem confiar nas pernas já fracas tentou correr para o enorme mar que se agitava em pequenas ondas, e deixou que uma delas tevesse fim em suas canelas. Novamente se abaixou, pegou um pouco da água e levou até a boca. E era salgada, como lera em algum lugar. Desta vez não conteve o choro.
O guia observava de longe a alegria do mineiro que via a praia pela primeira vez, mas não pode deixar de se emocionar com o velhinho.

Um comentário:

  1. Adorei o texto, esse é um sonho muito comum que infelizmente nem todos podem realizar. Muito bem escrito, parabéns.

    ResponderExcluir