Oito décadas esperando por aquele momento que agora mais parecia um sonho. Seus olhos brilhavam tamanha felicidade contida no peito.
Ao chegar, tirou os chinelos para sentir a areia em seus pés. Era quente, como haviam lhe dito. Sentiu uma enorme vontade de tocá-la, então mesmo com dificuldade se abaixou para pegar um pouco do farelo fino na palma da mão e levou ao nariz, inalando o cheiro fresco que vinha dele. Uma lágrima quase se formou, mas ele a segurou.
Olhou para o horizonte e pôde ver com mais clareza a quantidade de água a alguns metros dele. Deixou que a areia deslizasse pelos dedos e mesmo sem confiar nas pernas já fracas tentou correr para o enorme mar que se agitava em pequenas ondas, e deixou que uma delas tevesse fim em suas canelas. Novamente se abaixou, pegou um pouco da água e levou até a boca. E era salgada, como lera em algum lugar. Desta vez não conteve o choro.
O guia observava de longe a alegria do mineiro que via a praia pela primeira vez, mas não pode deixar de se emocionar com o velhinho.
Adorei o texto, esse é um sonho muito comum que infelizmente nem todos podem realizar. Muito bem escrito, parabéns.
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